Porque comer é psicológico

quarta-feira, 29 de setembro de 2010


A prova!
Ontem à noite, me aborreci enquanto preparava o jantar. A cebola brunoise me provocou lágrimas, mas acho que elas já queriam mesmo escorrer. Empreguei meus sentimentos na comida. Dourar a cebola na manteiga, selar o arroz, adicionar caldo de legumes aos poucos... Esqueci de colocar sal. Got in himmel! Ainda bem que esse condimento é facilmente corrigido no fim da cocção.

É claro que a chateação não me fez bem, contudo, quem comeu meu picadinho de carne com legumes, o prato favorito do presidente em vigência, disse que estava delicioso - e estava mesmo.

Preciso emagrecer... Engordei três quilos desde o início do semestre. Tudo culpa dos biscoitos recheados, pães doces, sanduíches bufando queijo derretido, porções valorosas de molhos, cat chup e mostarda - maionese eu não aprecio muito; além de vitaminas e achocolatados, industrializados. Muita ansiedade... Chiclete a quilômetros, barras de chocolate aos bocados. Bala? Nem se fala... É sorte não terem surgido cáries, feitura do fio dental e do creme Total 12.

Acabou a farra gastronômica - de porcarias, é claro. Estou cercada de folhosas, pão preto, arroz integral, biscoitos de água e sal, frutas, iogurte magro e granola. Leite gordo? Somente escondido de mim mesma. Açúcar? Apenas sucralose ou adoçante. Apesar de parecer rígido, fico feliz.

A aula terminou mais cedo hoje, entrei no mercado. Na verdade, eu queria apenas comprar um medicamento na farmácia. Já viu estudante de gastronomia em supermercado, e com dinheiro no bolso, não comprar nada? Seria uma grande lenda. Pesquisa básica de futura cozinheira profissional, ao menos, é o que dirá meu diploma - e mais que isso: gastrônoma.

Massas e molhos. Tenho dois tipos diferentes de queijo na geladeira, lembrei. Hum... Vou cozinhar!

Penne, molho béchamel, queijo parmesão ralado na hora e mussarela. Cury? E daí, o prato é meu. E páprica picante também. Euforia... É exatamente o que sinto, estou contente.

Afogo o resquício da chateação de ontem na preparação de hoje. Corto a cebola petit petit brunoise  - atenção, isso nem existe no Brasil, seulement en Paris. Eu choro e dou risada da cara da cebola, virou farelo ao fio da minha faca do chef de dez polegadas. Passo alho no fundo da panela, meu queijo não grudará. Quem não sabe fazer molho béchamel, que consulte o Le Cordon Bleu! *

Meu prato está lindo, vocês podem ver, tirei fotografias, lógico. Vou comer satisfeita, quebrando minha dieta, mas feliz. A comida não é apenas alimento, e o comer não é só nutrir o corpo. Como quando estou triste, como quando estou feliz, como quando festejo, como quando não tenho nada pra comemorar. Comer faz bem, acalma e agita; cada qual em seu momento perfeito.

Comi meu penne ao molho de queijos, uma quantidade suficiente para me deixar bem feliz. Descansei e voltei aos iogurtes magros com granola, porque comer eleva o astral, e ter uma silhueta perfeita também.


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Le Cordon Bleu: é um livro de técnicas da clássica culinária, a "Bíblia" da cozinha. Este nome significa ao pé da letra O Cordão Azul


2 comentários:

  1. F&R disse...:

    Comer é totalmente psicológico, concordo, com tb concordo q sua foto me deu água na boca!!! Devia estar delicioso!!!

    http://conversandocomdragoes.blogspot.com/

  1. Bruna Maria disse...:

    Oi, Isie!
    Tenho uma admiração muito grande por quem se entrega a essa arte da culinária. Acho que, lá no fundo escondidinho, eu queria ser como vocês. =) Acho lindo, e a ideia da preparação de um prato, que faz de um momento algo especial, me soa fantástico, mesmo.
    Eu me perco assistindo àqueles programas "TopChef" ou o "TopChef Masters", na Sony, rs.
    Seu prato ficou lindo, e ainda mais: apetitoso. Pena que para nós aqui só resta apreciar a foto... rsrs!

    Beijos!

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