[Crônica] Eu me lembro

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Olá, pessoal. Estava fuçando minhas coisas e encontrei um texto que escrevi  em 13 de agosto de 2012, o qual seria postado no dia do meu aniversário, 29 de outubro. Mas como as coisas sempre mudam, e eu gosto bastante dessa imprevisibilidade, resolvi postá-lo hoje. Confiram mais uma das minhas reflexões acerca do tempo.

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Eu me lembro


Sou uma pessoa reconhecida pela boa memória. Me lembro de quando tinha dois anos e esperava meu irmão, de cinco, chegar da escola no final da tarde para podermos brincar. Também me lembro de fazermos meu velotrol de carrinho de sorvete - o que enlouquecia a nossa mãe - e de saltarmos de toda e qualquer parte elevada da casa, fingindo ter a força do Popeye. Me lembro do dia em que pus perfume em meu bolo de aniversário, o que rendeu boas palmadas em meu bumbum, e do dia em que, com o auxílio da mamãe, catei e cozinhei meu primeiro feijão verde, aos cinco anos - sim, é desde pequena  que eu tenho aptidão para a cozinha. E logo minhas sopas, doces e bolos, aos onze anos, se tornaram uma tradição familiar. Mas não é só disso que me lembro...

Meus passarinhos conversavam comigo todas as manhãs, meus cachorros dormiam na minha cama, minhas galinhas tomavam banho e eram penduradas no portão, meus ratinhos twister nadavam nos baldes com água morna e todos os meus gatos tinham o pelo aparado. Mas eram os cadernos, repletos de histórias, que revelavam o quanto minha imaginação era fértil. E eu fui estudar num bairro distante, fazer cursos em bibliotecas, pular muros de hotel tentando conseguir autógrafos dos jogadores da seleção brasileira de futebol, viajar com o grupo de teatro e sofrer com as terríveis crises de síndrome do pânico e depressão. 

Jasmim... Eu adorava o perfume do jasmim!

Tantas coisas se passaram desde então: boas, ruins, surpreendentes, impactantes... É interessante como me lembro de tudo, e mais interessante ainda como essas lembranças tão vivas e recentes podem parecer tão remotas agora. Eu era criança, devaneava muito acerca do futuro. Como foi que cada um daqueles instantes evaporou, assim, de uma hora para a outra? Tenho a impressão de que apenas pisquei os olhos demoradamente, e o tempo, implacável, voou.

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PS. O avançar do tempo realmente não me entristece, pelo contrário, a cada ano, graças a Deus, a minha vida só tem melhorado. Mas é fato que gosto de refletir sobre ele. Tudo passa tão rápido... Que possamos aproveitá-lo da melhor maneira possível. 


[Literatura e Gastronomia] Risotto de Gorgonzola ao perfume de Pera

domingo, 25 de novembro de 2012

Tudo pronto, meu mise en place disposto na ordem, faltava apenas começar a cocção. Manteiga, cebola à brunoise, arroz carnaroli, fundo de legumes, vinho branco, queijos gorgonzola e parmesão, pera em cubinhos macedoine; eu começaria pelo risotto, e Christina teria que mexê-lo para mim. (Caio Gabriel Doisneau - Entre a Fé, a Razão e o Coração)

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Olá, amigos e leitores. Resolvi fazer um post diferente hoje. Como vocês sabem, além de blogueira, sou escritora e estudante de gastronomia; não preciso dizer mais nada para que vocês imaginem o quanto a culinária se envolve em minhas histórias, não é mesmo? Pois bem, o trecho acima foi retirado de um dos meus romances e narra parte da cena em que o anti-herói Caio Gabriel conhece a mocinha Christina e tenta conquistá-la com seus maravilhosos dotes culinários. Nela, o cantor e cozinheiro prepara alguns pratos deliciosos, mas dentre todos o que fica na cabeça da protagonista é mesmo o Risotto de Gorgonzola ao Perfume de Pera. Confiram a narração da personagem e, em seguida, as medidas da receita.

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Voltei para casa pensando neles, no doce Ricardo e em Caio Gabriel, um homem bonito demais, do tipo que arrebata olhares e faz qualquer mulher perder o ar.  Não gostei do jeito dele, sei lá por quê. Não bastasse Ricardo me olhando todo misterioso, agora tinha aquele modelo de capa de revista fantasiado de cozinheiro me lançando o maior olhar de seca pimenteira.

(...)

Cá com meus botões, será que ele, o cantor-modelo-cozinheiro, gostou de mim? Aquele jeito esquisito, para não dizer excêntrico, de me olhar... Não, claro que não, eu era apenas uma saracura pálida de cabelos compridos e nenhuma graça; e ele, ele era mais bonito que o Richard Gere com dezoito anos.

Fiquei constrangida por pensar nele, deveria ser culpa do dólmã. Aliás, como uma coisa leva à outra, que jantar maravilhoso! Legumes puxados na manteiga, ninho de alho-poró com um delicioso molho de camarão, filé de salmão assado e risotto de gorgonzola ao perfume de pera, o mais bem feito que já comi na vida. Recapitulando... Dourar a cebola bem picadinha na manteiga, acrescentar o arroz carnaroli, depois um pouco de vinho branco, continuar acrescentando caldo de legumes e mexendo sempre até o arroz ficar ao dente. Perto de servir, adicionar o queijo gorgonzola, um pouco de parmesão ralado, mais manteiga para dar brilho, a pera cortada em cubinhos e corrigir o sal. Hum! Nunca mais me esqueceria de como se faz um risotto perfeito.

Ingredientes/medidas

2 xícaras (chá) de arroz carnaroli ou arbóreo 
3 colheres (sopa) de manteiga
1 cebola média picada
1 xícara (chá) de vinho branco seco
1 e ½ L de caldo de legumes
5 colheres (sopa) de queijo gorgonz
2 peras maduras firmes em cubo
Pimenta do reino q.b.*
Sal q.b.*

*q.b. = quanto baste
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O romance "Entre a Fé, a Razão e o Coração" é o primeiro de uma série de quatro livros ainda não publicados (sequência: Perdão Você, Pecado de Caio e Segredos de Christina) e a imagem da capa foi feita há cerca de dois anos pela minha amiga Gisela Santanna, autora de Memória Marte, livro que sorteei na semana passada. 

[Sorteio] Coleção Cinquenta Tons #Resultado

sábado, 24 de novembro de 2012


Olá, amigos e leitores! Sábado é dia de coisa boa, não é mesmo? Por isso é com muita alegria que eu e a Biia (Pepper Lipstick) trazemos para vocês o tão esperado resultado da Promoção Coleção Cinquenta Tons. Foram mais de cem mil entradas! E agora um sortudo ou sortuda vai levar para casa o queridinho Christian Grey³ - porque a Anastasia aguada Steele¹ ninguém quer, né? (risos) 

Sem mais enrolações... Dedinhos cruzados! E o vencedor (a) é... Tchan-tchan-tchan-tchan...


Parabéns, Sabrina Piano!

Eu e a Biia conferimos que a Sabrina cumpriu todas as regras. Também já enviamos um e-mail informando o resultado da promoção, o qual ela teria até 27.11.12 (três dias) para responder, mas já respondeu. O prêmio será enviado em até 30 dias a partir de hoje.

Confiram as entradas da vencedora:





 

Então é isso, pessoal. Agradecemos a todos que participaram. E quem não ganhou, não precisa ficar triste. Em breve, eu e a Biia anunciaremos a promoção Hush Hush. Aguardem!


Seis coisas que eu mudaria no seu blog

quinta-feira, 22 de novembro de 2012



Olá, pessoal. Venho hoje trazendo uma postagem um tanto diferente, que fala não sobre literatura mas sobre nossos blogs. Assim como vocês, eu amo ler as postagens dos amigos, porém, nessa caminhada pela blogosfera, tenho encontrado algumas pequenas dificuldades. Pensei nisso durante um tempo e cheguei à conclusão de que nem sempre a gente tem noção do que pode haver de errado ou de menos atraente em nossas páginas. Como diz aquela equivocada propaganda do cartão Visa - e aqui o conselho é verdadeiro! -, "às vezes, é bom ter um amigo para avisar".


Seis coisas que mudaria no seu blog



Confirmação de letras

Eu sei que a maioria dos blogueiros cujos blogs pedem confirmação de letras nem tem ideia que isso ocorre, mas vou escancarar um segredo: tem dias em que essas letrinhas quase conseguem me roubar a paciência. Por mais que eu digite o código corretamente - ou pense que o fiz -, nunca dá certo! São três, quatro, cinco tentativas às vezes. Além de nos fazer perder tempo, ainda podemos perder o comentário.

Comentários que abrem em outra guia

Gente do céu! Sabe quando sua internet está mais lerda do que lesma? Agora junta isso com o ter que abrir mais uma página... Nossa! Nos dias em que a provedora aqui de casa está de TPM, eu termino ficando por associação.

Cursores personalizados

Oh, mon Père! Eles são tão fofos, não é? Eu sei, acho mesmo. O problema é que acertar os links com eles é um desafio e tanto para mim. Seria legal se os cursores fossem fofos e mantivessem a mesma presteza que o cursor padrão. Em resumo, o blog fica mignonette (um primor), mas eu me embanano toda.

Bonequinho do twitter 

Confesso já ter me acostumado com eles, mas ainda fico agoniada quando param bem em cima do texto. Não que seja incomodativo ao extremo, só acho que eles nos obrigam a mexer na tela, e isso quebra o ritmo da leitura.

Músicas ou barulhinhos que não param

Eu sei que algumas músicas são muito inspiradoras, mas acontece que cada pessoa tem a sua própria playlist inspiradora. Eu, simplesmente, não consigo me concentrar direito na leitura quando não estou habituada a tais e tais músicas; elas roubam minha atenção. Na verdade, não sou contra aos blogs colocarem músicas, só penso que elas precisam vir com as opções PLAY, PAUSE e STOP. 

Fonte pequena, cores claras e/ou fluorescentes

Por mais que a gente queira inovar deixando a nossa página com carinha de caderno pessoal, precisamos compreender que blogs, especialmente os literários, têm como objetivo principal a leitura. Se a fonte do texto for pequena ou complicada de discernir, tiver uma cor muito clara, berrante ou fluorescente, o objetivo do blog ficará claramente prejudicado. Então, muito cuidado na hora de escolher as fontes e as cores. Quanto mais confortável - além de divertida, inteligente e interessante - for a leitura, mais o visitante sentirá vontade de retornar.


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Talvez o seu blog apresente uma ou mais dessas alternativas que listei. Independente de ele se encaixar ou não, gostaria que você deixasse sua opinião acerca disso e das coisas que gostaria de mudar no meu.


[Niver da Blogueira + Sorteio] Memória Marte #Resultado

terça-feira, 20 de novembro de 2012


Olá, queridos amigos e leitores! Depois de trinta e quatro tão esperados dias, trago para vocês o resultado da promoção Niver da Blogueira + Dia Nacional do Livro = Memória Marte. Cruzem os dedinhos... E o (a) grande sortudo (a) da vez é...




Parabéns, Jéssica Patrício!

Você cumpriu todos os requisitos obrigatórios e tem até a 0h de 24.11.12 (três dias a partir desta postagem) para responder meu e-mail com seus dados solicitados. 

Agradeço a todos que participaram da minha festinha de aniversário virtual. Aproveitem os dois últimos dias da promoção Coleção Completa Cinquenta Tons. Em breve, mais sorteios e promoções serão lançados aqui no blog.


[Selinho] Prêmio Dardos + Os Sete Pecados da Leitura

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Olá, queridos. Sei que ando muito sumidinha, peço desculpas por isso. Tentarei me organizar melhor para que, mesmo com os eventuais contratempos, o blog mantenha suas atualizações frequentes. Outra vez, essa seria a postagem da Caixinha de Correio, porém, me acidentei ontem quando preparava a câmera para gravar o vídeo - caí e todo o peso do meu corpo foi sustentado pelo meu polegar direito. Felizmente não quebrei nenhum osso, apenas estou com dores na mão e quase metade da unha roxa. Só eu mesma para conseguir essas façanhas, não é?

Bem, hoje venho agradecer pelas lindas blogueiras que me presentearam com dois selinhos maravilhosos. A primeira é a Elaine Rocha (Escritora de 1ª Viagem) que me contemplou com o Prêmio Dardos. 


Prestigiado e desejado no mundo dos blogs, o Prêmio Dardos reconhece o mérito diário de cada blogueiro que com amor e dedicação faz espalhar o seu conhecimento e criatividade, tornando-o disponível para todos na web. De acordo com as regras, deve-se: exibir a imagem do selo no blog, colocar o link do blog de quem se recebeu o prêmio, escolher outros blogs para receber o selo Prêmio Dardos, bem como avisar aos escolhidos.

Obriguei-me a escolher apenas cinco dentre os muitos blogs maravilhosos que frequento, porque senão a lista seria imensa, quase interminável! E o prêmio vai para:

Strawberry de Filmes e Livros
Pepper Lipstick
Universo Literário
O Epitáfio
Livros e Chocolate

A próxima blogueira fofa, Jéssica Patrocínio (Strawberry de Livros e Filmes), me tagueou  com o selinho Os 7 Pecados da Leitura


Todo mundo conhece os 7 pecados capitais, correto?
Que tal conhecer os pecados da literatura?

Ganância

Qual seu livro mais caro? E o mais barato?

Sinceramente, o mais caro eu não sei. Eu e meu esposo compramos bastante, então é difícil saber. Do mais barato eu me lembro - e como! -, mas foi uma compra tão absurda que quase não tenho coragem de revelar. (R$ 0,10 - risos)

Ira

Com qual autor você possui uma relação de amor/ódio?

Relação de amor/ódio seria exagero, mas não é segredo que eu não simpatizo muito com Nicholas Sparks. Acho até que ele tem ideias brilhantes, porém termina enchendo os livros de clichês e estragando tudo. Sem falar que a narração dele é muito chata - pronto falei.

Gula

Qual o livro que você devorou sem vergonha?

"Lula, o filho do Brasil" (Denise Paraná). Entrei na livraria, peguei o livro, sentei numa poltrona e o li todo em duas horas, mais ou menos. Foi meu recorde.

Preguiça

Qual o livro que você tem negligenciado devido à preguiça?

Sabe que eu não sei... Minha lista de livros não lidos não para de crescer, acho que estou negligenciando vários.

Orgulho

Qual o livro que você tem orgulho de ter lido?

A "Bíblia". Li três vezes, sistematicamente, de Gênesis até Apocalipse. Ainda sou leitora assídua do livro Sagrado, agora o leio de modo aleatório (o livro que sentir vontade); parei com a sistemática. 

Luxúria

Quais atributos você acha mais atraente em personagens masculinos e femininos?

Pra começo de conversa, não gosto de personagens infantilizados e não acho que beleza, nesse caso, seja tudo. Para mim, personagens masculinos atraentes são bem-resolvidos, intrépidos, enérgicos, inteligentes, astutos, bem-humorados e, ao mesmo tempo, românticos, afáveis, surpreendentes. As figuras femininas que considero atraentes são inteligentes, bem-humoradas, sinceras, sensíveis, complicadas, intensas e paradoxais. 

Inveja

Quais livros você gostaria de ganhar de presente?

São tantos... Difícil, hein? Bem, meu niver foi no mês passado - ainda está em tempo -, então...

"Ilusões" - Aprilynne Pike
"Dizem por aí..." - Jill Mansell
"Três Metros Acima do Céu", "Desculpa se te chamo de amor", "Desculpa, quero me casar contigo", "Carolina se apaixona" - Federico Moccia
"Estilhaça-me" - Tahereh Mafi
Todos do Kenneth Hagin (tanto o pai quanto o filho)
Todos do Smith Wigglesworth
Todos do John Bevere

Para mais informações, passem no Skoob e confiram minha lista de livros desejados. (gargalhadas)

Indico esse meme a todos que ainda não o receberam e desejam respondê-lo. 

[Resenha] Delírio

sábado, 10 de novembro de 2012

Olá, amigos e leitores. Essa postagem seria a da Caixinha de Correio, mas, conforme publiquei na fanpage do blog, estou com problemas de conexão desde a última segunda-feira. Espero que tudo seja normalizado o mais breve possível.

Hoje trago para vocês a resenha de um dos livros que mais desejei ler esse ano: Delírio, Lauren Oliver; tanto que pulei a fila das resenhas e o coloquei em primeiro lugar. Mas isso não foi de todo ruim, pois a resenha da vez era Belo Desastre, e eu gostei tanto desse livro (do Travis "Cachorro Louco" Maddox) que resolvi relê-lo. Bom, mas essa é uma outra história... Vamos ao que interessa.

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Delírio

Título original: Delirium
Autora: Lauren Oliver
Tradutora: Rita Russekind
Editora: Intrínseca
Gênero: Romance Distópico
Ano: 2012 
Páginas: 342

Sinopse

Muito tempo atrás, não se sabia que o amor é a pior de todas as doenças. Uma vez instalado na corrente sanguínea, não há como contê-lo. Agora a realidade é outra. A ciência já é capaz de erradicá-lo, e o governo obriga que todos os cidadãos sejam curados ao completar dezoito anos. Lena Haloway está entre os jovens que esperam ansiosamente esse dia. Viver sem a doença é viver sem dor: sem arrebatamento, sem euforia, com tranquilidade e segurança. Depois de curada, ela será encaminhada pelo governo para uma faculdade e um marido lhe será designado. Ela nunca mais precisará se preocupar com o passado que assombra sua família. Lena tem plena confiança de que as imposições das autoridades, como a intervenção cirúrgica, o toque de recolher e as patrulhas-surpresa pela cidade, existem para proteger as pessoas. Faltando apenas algumas semanas para o tratamento, porém, o impensado acontece: Lena se apaixona. Os sintomas são bastante conhecidos, não há como se enganar — mas, depois de experimentá-los, ela ainda escolheria a cura?

Resenha

"Amor: ele vai matá-lo e salvá-lo, ao mesmo tempo." (pag. 307)

Num futuro distante nos Estados Unidos, o amor é considerado a pior de todas as doenças. Sem amor não há ódio, sofrimento ou dor; sem amor há apenas paz, segurança e tranquilidade. É com esse pensamento que o governo desenvolve a cura - procedimento cirúrgico realizado em todos os cidadãos ao completarem dezoito anos - para a perigosíssima Amor Deliria Nervosa. Lena Haloway é uma garota de dezessete anos, de beleza e medidas medianas, que aguarda ansiosamente pelo dia em que ficará livre, definitivamente, desse mal que já assombrou sua família por duas vezes. Mas no dia da sua avaliação pré-intervenção - espécie de entrevista probatória em que se deve responder sobre suas inclinações e aptidões, a fim de obter aprovação quanto ao futuro: com quem vai se casar, onde vai morar, se vai ou não cursar faculdade, em que ramo irá trabalhar, etc. -, ocorre um incidente e ela termina avistando um estranho rapaz. Dias depois, eles terminam se conhecendo por acaso e a amizade que surge entre Lena e Alex, começa a fazê-la duvidar sobre a veracidade do que lhes é imposto pelo sistema. 

"Tenho quase certeza de que isso também é uma mentira. É mais fácil, em muitos sentidos, imaginar um lugar como Portland - um lugar com as próprias paredes, barreiras e meias-verdades, um lugar onde o amor ainda tenta existir, mas de forma imperfeita." (pag. 306)

Narrado em primeira pessoa, por Lena, Delírio é um romance que nos faz refletir acerca da opressão que nos é imposta pelos padrões da sociedade. No início de cada capítulo, a autora coloca trechos de "provérbios" ou de livros hipotéticos que ajudam na contextualização da história. Recentemente, li um comentário que negava a identidade distópica do livro, e discordei. Não somente nesse ponto, mas especialmente quando Lauren fala acerca da existência de Deus e da salvação, em minha opinião, ela transparece e afirma sua crítica a certas religiões fechadas que dominam completamente a vida de seus membros ou seguidores.

"Os estudos dos cientistas não são realmente claros em relação ao que acontece quando morremos: supostamente, nos dissipamos na matéria celestial que é Deus e somos absorvidos por Ele, apesar de também se dizer que os curados vão para o céu e vivem eternamente em perfeita ordem e harmonia." (pag. 275)

Confesso que tive certa dificuldade para me conectar com o ambiente e os personagens no começo da leitura; é mesmo difícil conceber que o amor é uma doença e que viver sem ele seria melhor. Mas a narradora é bastante descritiva, o que nos ajuda a compreender o quanto os personagens estão envolvidos pelo sistema dominador, como numa espécie de Síndrome de Estocolmo Social. Apesar das muitas descrições, o ritmo da narração é crescente, e a história não se torna chata ou monótona em momento nenhum.

A diagramação do livro foi muito bem feita, trouxe detalhes que considerei marcantes, como: páginas iniciais e finais pretas, caligrafia artística nos títulos dos capítulos e um pequeno e belo separador. A fonte é pequena, mas as páginas amareladas dão conforto à leitura. E a capa é, simplesmente, linda! Encontrei alguns poucos erros de revisão e um pequeno furo no enredo (Lena diz se corresponder por e-mail com Hanna, sua melhor amiga, mas não tem computador), o que não diminuiu em nada a qualidade do livro como um todo.

Sem sombra de dúvidas, Delírio foi um dos melhores livros li esse ano e, assim como todos que o leram e ficaram entusiasmados pelo seu desfecho eletrizante, não vejo a hora de ler a continuação. Recomendo-o a todos que apreciam o gênero, e também aos que ainda não leram distopias, de olhos fechados.

"Amor, a mais mortal das coisas mortais: mata quando você tem e quando você não tem." (pag. 307)



[Poema] Tempo...

domingo, 4 de novembro de 2012


Olá, queridos! Vinha pensando em vocês e no que eu gostaria de lhes dizer há algum tempo. Sabe quando o fim do ano se aproxima e a gente começa a refletir sobre o que fez ou deixou de fazer? Minha mente mergulhou numa questão superimportante esses dias: obrigações ou prioridades? Desejo que reflitam sobre isso, afinal de contas, qual das duas é mais importante? Acho que o nome já diz: prioridade é preferência, precede tudo. 

Que, antes mesmo de chegarmos a dezembro, comecemos a colocar nossas vidas em ordem, a fim de não iniciarmos mais um ano com gostinho de nostalgia. Coloquemos nossas prioridades em seus devidos lugares, lembrando que as obrigações são importantes, mas não imprescindíveis. Tomemos cuidado para que, vivendo à busca de nossos objetivos, não terminemos perdendo um dos bens mais preciosos que temos: o tempo.

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Tempo...


Quem é você quando ninguém está olhando?
Será alguém que mergulha em si
e pensa em tudo que gostaria de fazer,
mas não sabe direito por onde começar?

Como tem aproveitado seus preciosos instantes?
Acaso se lembra do que fez ontem?
Ainda se lembra do que queria fazer amanhã?
Sim, eu sou do tipo que se lembra...

Quero meditar mais em mim,
em tudo que ocorre no mundo,
nas pessoas ao meu redor
e em nossos sonhos e planos.

Quem somos nós quando ninguém está olhando?
Pessoas que anseiam, projetam e agem?
Ou apenas mais alguns meros espectadores,
o tipo que contempla e deixa a vida passar?

Eu sou apenas eu.
Um ser pensante que deseja ser mais acertado,
que sonha em aproveitar melhor o tempo...
Tesouro que passa, e não diz pra onde vai.

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Desejo a todos um ótimo mês de novembro!