Sabe aquele dia em que você come tanto e depois não aguenta sequer pensar em comida? Passei o dia inteiro escrevendo - por obrigação - e achei que não pudesse escrever pro blog hoje. Pois bem, fui ao fórum e terminei me lembrando de um causo da minha infância. Espero que se divirtam.
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Criança tem é arte!...
Quando eu tinha 13 ou 14 anos, costumava viajar pra
ilha de Itaparica com duas das minhas tias (20 e 24 anos) e meu irmão (16 ou 17
anos).
A casa que a gente alugava era enorme! Mas, certa
feita, a família inteira inventou de ir de uma só vez e não havia quartos
suficientes; resultado: dormimos na sala.
Uma das minhas primas tinha medo do escuro e a gente
deixava a luz do banheiro acesa por causa disso. Porém, nesse período, estava
sempre faltando energia e aconteceu de ela acordar no meio da noite, na maior
escuridão. Eu dormia ao lado dela e saí correndo (morrendo de medo do fantasma
do barracão*), me batendo pelas paredes da casa enorme, até chegar à cozinha. Peguei
uma caixa de fósforos e voltei.
Ela gritava: "Eu tô cega, Dai! Eu tô
cega!".
Eu acendia um fósforo e dizia: "Não tá não,
Lílian. Você tá me vendo?".
Lílian respondia que sim e parava de chorar, mas,
quando o fósforo apagava, tudo começava de novo.
Repetimos a mesma babaquice várias vezes, até alguém
arrumar uma vela.
Depois desse dia, toda vez que a gente ia pra casa
de algum parente, ela só queria dormir ao meu lado. E eu sempre fazia a mesma
cena.
Detalhe: nós tínhamos a mesma idade.
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*Fantasma do barracão: parece que o dono da casa havia
morrido lá, ou isso foi invenção de alguém, e meu pai começou a dizer que o
espírito do homem estava preso na casa, a fim de meter medo na gente. Como o barracão, um quarto de
quinquilharias, era o lugar da casa que guardava as coisas dele, na nossa
cabeça, o espírito do homem estaria lá. É preciso tomar cuidado com o que se diz na frente dos filhos. Criança tem é arte, viu?...
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